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Quiz1.1
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Preconceitos e estereótipos: autoanálise e autoavaliação para neutralizar preconceitos pessoais
Estamos constantemente a ser afetados pelo mundo à nossa volta, e isto reflete-se nas nossas atitudes e até nas abordagens às pessoas com deficiência. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (no “World Report on Disability6”), a situação das pessoas com deficiências é ainda hoje ameaçada por estereótipos, preconceitos e crenças, comuns entre pessoas não deficientes.
Como podemos identificar alguém (mesmo a nós próprios) com preconceitos ou alguém que cede a estereótipos para com as outras pessoas? “O preconceito é uma atitude injustificada ou incorreta, habitualmente negativa, em relação a um indivíduo com base unicamente na pertença individual a um determinado grupo social. Por exemplo, uma pessoa pode ter visões preconceituosas em relação a uma determinada raça ou género7”.
A definição de estereótipo é “uma crença fixa e generalizada sobre um determinado grupo ou classe de pessoas.” (Cardwell, 1996). Por exemplo, um motociclista “Hell’s Angel” veste-se de couro. Uma vantagem de um estereótipo é que nos permite responder rapidamente a situações, pois podemos ter tido anteriormente uma experiência similar. Uma desvantagem é que nos faz ignorar as diferenças entre os indivíduos, pelo que pensamos coisas sobre as pessoas que poderão não ser verdadeiras, ou seja, generalizamos.
O uso de estereótipos é uma forma importante de simplificar o nosso mundo social, uma vez que reduzem a quantidade de processamento (ou seja, de pensamento) que temos de fazer quando conhecemos uma nova pessoa. Ao estereotipar, inferimos que uma pessoa tem toda uma variedade de características e capacidades que assumimos que todos os membros desse grupo têm. Os estereótipos levam à categorização social, que é uma das razões para as atitudes preconceituosas (ou seja, a mentalidade do “eles” e “nós”) que conduz aos “integrados nos grupos” e aos “fora dos grupos8.
“Os estereótipos influenciam as formas como as pessoas sem deficiência reagem às pessoas com deficiência. Por exemplo, indivíduos com deficiência são, por vezes, considerados como sendo infantis e inocentes, pelo que as pessoas falam com eles de forma condescendente. Pensam que as pessoas com deficiência são dependentes e incompetentes, no entanto, na realidade, são como todas as outras, com pontos fortes e fracos.” (www.disabledlives.blogspot.com). |
Porque é que isto acontece? É sabido que as crianças começam a compreender o preconceito por volta dos seus 3 anos. Eles conseguem distinguir as características físicas — cor do cabelo, altura, peso, etc. — até mesmo antes. Mas, no momento em que as crianças entram na pré-escola, já conseguem ver como é que certas características, como a cor da pele ou género, afetam a forma como as pessoas os veem a si e aos seus pares. As nossas próprias experiências ou as incutidas formam as nossas atitudes acerca da diversidade e podem causar o início da modelação de preconceitos e estereótipos. Por isso, o início de uma boa prestação de um serviço para pessoas com necessidades específicas deverá ser a identificação feita pelo próprio ou pela equipa – como é que nós as vemos?
TAREFA PRÁTICA INDIVIDUAL – RETRATO DE UM INDIVÍDUO COM UMA DEFICIÊNCIA
Objetivos:
Pense e discuta como imaginamos uma pessoa com deficiência e como as diferentes pessoas veem o indivíduo com deficiências.
Descubra uma abordagem individual para uma pessoa com deficiência.
Duração: 10-15 minutos.
Ferramentas: Descrição da tarefa, folha(s) de papel, marcadores, outras ferramentas de escrita.
Parte individual da tarefa:
Imagine que trabalha num Posto de Informação Turística. Descobre que uma pessoa com uma deficiência vai deslocar-se ao posto no dia seguinte, e terá de a atender. Tente imaginar durante 5 minutos a pessoa que vai encontrar.
Tente apresentar a descrição dessa pessoa o mais detalhadamente possível: que aspeto terá, qual será a sua idade, que tipo de deficiência possuirá, quais as qualidades pessoais positivas/negativas que terá, como é que ela irá comunicar consigo.
Questões para discutir:
- Descreveu uma pessoa com deficiências com base na sua experiência ou imaginação?
- Que sentimentos teve ao tentar descrever um cliente com deficiência para si mesmo ou para o seu grupo?
- Quais são as características ou traços positivos atribuídos a uma pessoa com deficiência? Quantas características pode indicar?
- Quais são as características ou traços positivos atribuídos a uma pessoa com deficiência? Quantas características pode indicar?
- Qual é a sua atitude/do seu grupo em relação a uma pessoa com deficiência?
- Que preconceitos podem influenciar o seu comportamento em relação a esse cliente?
Veja este vídeo e discuta: o que referiu corresponde ao estereótipo do seu cliente?
(em língua inglesa, com possibilidade de ativação de legendas em língua portuguesa).
Fontes adicionais para discussão:
- Os estereótipos que os meios de comunicação social utilizam para retratar pessoas com deficiência: https://www.hwns.com.au/about-us/blog/run-forest-run-disability-stereotypes-in-the-media/ (em língua inglesa);
- Como as pessoas com necessidades específicas de acessibilidade/deficiência lidam com os estereótipos e preconceitos (em língua inglesa):
- Pode, ainda, encontrar muita informação sobre mitos e factos que influenciam o nosso pensamento sobre as pessoas com deficiência nos sites oficiais de associações de pessoas com deficiência (ex: https://www.ds-int.org/myths-and-facts – em língua inglesa).
Ao avaliar os seus estereótipos que associa a uma pessoa com deficiência e com necessidades específicas de acessibilidade, isso irá ajudar a criar a base para a rejeição desses estereótipos. Essa rejeição será apoiada pelo seu conhecimento prévio sobre grupos de necessidades específicas (Módulo 2), a capacidade de considerar cuidadosamente e cautelosamente as capacidades, deficiências e necessidades de cada cliente, e o conhecimento das particularidades de um contacto direto adequado com pessoas com necessidades específicas.
Iremos discuti-los mais tarde no tópico:
O que dizer?
Como dizê-lo?
Porquê dizê-lo?
6 World Report on Disability: https://www.who.int/disabilities/world_report/2011/accessible_en.pdf (em língua inglesa).
7 https://www.simplypsychology.org/prejudice.html (em língua inglesa).
8 https://www.simplypsychology.org/katz-braly.html (em língua inglesa).