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Quiz1.1
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Os Conceitos de Design para Todos e Design Universal
Design para todos
O objetivo de garantir uma acessibilidade plena no ambiente construído foi reconhecido internacionalmente por parte das Nações Unidas a partir de 1993, através do “Standard Rules on the Equalization of Opportunities for Persons with Disabilities” (Normas sobre Igualdade de Oportunidades para as Pessoas com Deficiência). Depois disso, os projetistas e arquitetos, designers e proponentes europeus de acessibilidades colocaram uma ênfase especial na filosofia “Design para todos/Desenho para Todos” como uma abordagem ao design e construção que pode contribuir para uma acessibilidade total. O “Design para Todos” tem as suas raízes na Escandinávia, embora conceitos similares (Design Universal, Design Inclusivo) se tenham desenvolvido paralelamente noutras partes do mundo. O “Design para Todos” visa permitir que todas as pessoas tenham oportunidades iguais de participar em todos os aspetos da sociedade. Para tal, o ambiente construído, os objetos do dia a dia, serviços, cultura e informação (ou seja, tudo o que é desenhado, criado por pessoas para pessoas) deverá ser acessível, adequado para a utilização por parte de todos os membros da sociedade, e de forma a que responda à diversidade humana em constante evolução” (EIDD –Design for All Europe 2004)
De modo geral, o “Design para Todos” pode ser alcançado de três formas:
- …. concebendo produtos, serviços e aplicações que possam ser utilizados de imediato pela maioria dos utilizadores potenciais, sem necessidade de proceder a modificações;
- … concebendo produtos que são facilmente adaptáveis a diferentes utilizadores (ex: adaptando o interface de utilização);
- …. padronizando interfaces de produtos, de forma a que se tornem compatíveis com equipamentos especializados (ex: auxiliares técnicos para pessoas com deficiências).11
Quando se pretende tornar as atividades turísticas totalmente acessíveis, primeiro é necessário analisá-las para entender a sua tipologia. Vendo-as de uma perspetiva muito abstrata, existem apenas dois tipos: atividades em ambiente natural (ao ar livre) ou atividades que ocorrem em ambientes fechados/artificiais. É claro que a plena acessibilidade será mais difícil de criar quando as atividades turísticas decorrem num ambiente natural. Contrariamente, sempre que as atividades decorrem num contexto artificial (ambientes fechados construídos), à partida, será mais fácil remover as barreiras ou prevenir que as mesmas ocorram, aplicando, por exemplo, a filosofia “Design para Todos”.
Uma estratégia clara de orientação e sinalização beneficia todos aqueles cuja mobilidade depende da presença de marcadores de orientação. Onde já se prevê que se venha a utilizar tecnologias inovadoras, deverá ser fácil a futura instalação de dispositivos técnicos que removam as barreiras ou que as impeçam de surgir.
“O Design para Todos é o design para a diversidade humana, para a igualdade e inclusão social. Esta abordagem holística e inovadora constitui-se como um desafio criativo e ético para todos os projetistas, arquitetos, designers, empreendedores, gestores e líderes políticos” (EIDD – Design for All Europe, 2004).
Design Universal
Ron Mace, criador do termo “Design Universal”, foi um arquiteto americano que influenciou o pensamento universal sobre o design. Durante a maior parte da sua vida, usou uma cadeira de rodas e compreendeu o que era tentar viver num mundo que não tinha sido desenhado, concebido para o incluir. A partir do início dos anos 70 do séc. XX, Ron Mace criou oportunidades para demonstrar exemplos de design de acessibilidade, e aproveitou todas as ocasiões para formar os arquitetos neste tema. Os seus livros ilustrados deram um carácter humano aos padrões técnicos, e defendeu práticas de design criativo, bem como políticas públicas informadas. Os seus designs de produto e arquitetónicos, os livros, desenhos, fotografias, e os próprios estudantes são o seu legado que continua a mudar o mundo.
Quando faleceu repentinamente em junho de 1998, Mace tinha acabado de vivenciar um respeito e entusiasmo extraordinário de mais de 450 pessoas provenientes de 19 países, que participaram na primeira Conferência Internacional sobre Design Universal. Ele teve, também, um importante papel na alteração da regulamentação de construção na Carolina do Norte, que se tornou um modelo nacional.
“O “Design Universal” é o design de produtos e ambientes para que sejam utilizados por todos, na medida do possível, sem a necessidade de adaptação ou de design especializado. É um enquadramento para o design de espaços, objetos, informação, comunicação e políticas para que sejam utilizados/usufruídos por tantas pessoas quanto possível, sem obrigar a um design especializado ou diferenciado. Não é um estilo de design, mas uma orientação para qualquer processo de design que comece com uma responsabilidade para com a experiência do utilizador.”
– Ron Mace
Mace formulou os 7 princípios do Design Universal:
- Utilização equitativa – o design é útil e comercializável para pessoas com habilidades diversas.
- Utilização flexível – o design responde a um vasto conjunto de preferências e habilidades individuais.
- Utilização simples e intuitiva – o design é fácil de compreender, independentemente da experiência, conhecimento, capacidades linguísticas, ou capacidade atual de concentração do utilizador.
- Informação percetível – o design comunica, de forma percetível e eficaz, a informação necessária para o utilizador, independentemente das condições do ambiente ou as capacidades sensoriais do utilizador.
- Tolerância ao erro – o design minimiza os perigos e as consequências adversas de ações inadvertidas ou acidentais.
- Baixo esforço físico – o design pode ser utilizado de modo eficiente e confortável e com um mínimo de fadiga.
- Dimensão e espaço para aproximação e utilização – o tamanho e espaço são adequados para a aproximação, alcance, manipulação e utilização, independentemente do tamanho do corpo, da postura ou da mobilidade dos utilizadores.
Apesar destes princípios apresentarem semelhanças com o conceito “Design para Todos”, que surgiu alguns anos mais tarde na Europa, a elaboração das práticas de Design Universal prestaram menos atenção à incorporação de tecnologias de assistência como parte do mix de soluções que podem ser necessárias para alcançar soluções de design que são verdadeiramente acessíveis para todos os utilizadores.
Ao longo dos anos, o Design Universal foi aplicado a uma ampla gama de produtos, ambientes e serviços, incluindo o planeamento e design urbano, eletrodomésticos e ferramentas, veículos e sistemas de transporte, sites, aplicações móveis e muitos outros.
Uma introdução aos 7 Princípios do Design Universal foi disponibilizada por Scott Rains no Slideshare, em 2007. (Atualmente, alguns dos diapositivos parecem não estar disponíveis, mas o texto relativo aos mesmos está patente nas notas). Ver: https://www.slideshare.net/srains/universal-design-the-seven-principles (em língua inglesa)
11 Build for All Project, Public Procurement Reference Manual, financiado pela Comissão Europeia (2004/6)
ver: http://www.accessibletourism.org/?i=enat.en.reports.228 (em língua inglesa)
e “Discrimination by Design” Background document on Design for All (2001): http://www.accessibletourism.org/?i=enat.en.reports.253 (inclui versão em Português do relatório).