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Quiz1.1
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Visitantes com Deficiências sensoriais
Possuir uma deficiência num ou mais sentidos – visão, audição, tato, paladar e olfato – reduz a capacidade do indivíduo de percecionar, compreender e agir em diversas situações (imagem 4).
Habitualmente, quando um destes sentidos está em falta ou limitado, o indivíduo adota estratégias para “compensar” a deficiência, desenvolvendo um dos sentidos remanescentes. No entanto, tal nem sempre se verifica.
Quem perde um dos sentidos em idade mais avançada poderá ver as suas atividades muito restringidas, ao contrário daqueles que, por exemplo, são cegos ou surdos de nascença, que podem ter desenvolvido capacidades que os ajudem a comunicar, a orientar-se a si próprios e a desempenhar a sua vida quotidiana de forma independente.
Não podemos assumir que um indivíduo com uma deficiência sensorial pode agir de forma independente, e muitos possuirão um acompanhante a seu lado que os apoia, especialmente nas suas viagens e nas suas primeiras deslocações a locais desconhecidos.
Pessoas com deficiências sensoriais podem, inclusivamente, utilizar tecnologias especializadas de assistência que os ajudem a comunicar, a ler ou interpretar mensagens visuais ou auditivas, orientando-se e movimentando-se a si próprios.
Veja-se um exemplo: https://www.nhs.uk/conditions/social-care-and-support-guide/practical-tips-if-you-care-for-someone/how-to-care-for-someone-with-communication-difficulties/ (em língua inglesa)
Visão
Os problemas de visão podem variar de cegueira completa a diferentes graus e tipos de limitações da visão. Aqueles que possuem deficiência visual podem utilizar outros sentidos, como o tato, audição e olfato, a fim de compreender o ambiente.
Caminhar, mover-se de um tipo de terreno para outro, mover-se em terrenos acidentados e evitar obstáculos pode ser realmente difícil. Pessoas com deficiências visuais estão expostas a vários tipos de perigos, incluindo ferindo-se por andar fora de caminhos, tropeçar em degraus, bater em objetos não assinalados, ou ferindo-se por objetos, bordas e superfícies afiadas ou quentes. Se o problema da visão é combinado com problemas de equilíbrio, o indivíduo é exposto a maiores riscos, incluindo colisão com objetos, escorregões e quedas.
Os visitantes com deficiências visuais (não só as pessoas cegas) podem utilizar uma bengala para detetar obstáculos num percurso. Alguns podem usar um cão-guia (animal de serviço) para os ajudar a encontrar o caminho, encontrar passadeiras e alertando-os para possíveis perigos.
As suas necessidades de acessibilidade poderão variar de acordo com o seu nível de visão e poderão estar relacionadas com o acesso à informação, segurança na movimentação e orientação num ambiente desconhecido.
Dicas importantes para os operadores turísticos:
- Para indivíduos com deficiências visuais, o ideal são ambientes e serviços o menos complexos possíveis.
- Sons, como salpicos de fontes ou mudanças de superfícies dos passeios e cheiros de plantas perfumadas podem fornecer pistas para orientação, o que pode ajudar as pessoas com deficiência visual a se deslocarem no interior de um edifício ou em espaços ao ar livre.
- Informação em Braille ou em texto de caracteres aumentados pode ser muito útil.
- Os indivíduos com deficiência visual poderão necessitar de mais informação e de descrições mais detalhadas, mas tenha em atenção que eles poderão não percecionar os sinais de comunicação não-verbal, tal como a linguagem corporal.
- Apresente-se ou tente chamar a atenção da pessoa antes de iniciar ou encerrar uma conversa. Caso contrário, ela pode ficar confusa sobre quem está a falar, não ter certeza se estão a falar consigo e pode não saber se as pessoas entram ou saem da sala. Se está a ajudar uma pessoa com uma tarefa, informe-a do que irá fazer antes e durante essa mesma tarefa.
- Use referências ao descrever a localização de algo – por exemplo, a água está sobre a mesa à sua direita. Pode ser útil usar ponteiros imaginários no mostrador do relógio para descrever onde está algo, especialmente para pessoas que vivem com perda de visão há muitos anos (por exemplo, o copo está na sua frente na posição das 12 horas).
- As mensagens de áudio podem ser uma boa forma de informar alguém sobre as instalações, procedimentos de evacuação em caso de incêndio ou outras emergências. Avisos táteis e / ou audíveis adequados devem estar presentes sempre que houver um risco para quem tem problemas de visão.
- Os procedimentos de evacuação baseados apenas em indicações visuais não serão percebidos por indivíduos cegos ou podem não ser percebidos por pessoas com deficiência visual. Como tal, avisos adicionais deverão ser fornecidos por avisos sonoros e / ou táteis.
- A entrada e saída de diferentes meios de transporte, como pequenas embarcações e veículos a motor, pode ser difícil, podendo requerer assistência.

- Ajudas táteis para os visitantes com deficiência visual – modelo do Castelo de Ljubljana (Eslovénia);
- percurso tátil no chão no Museu Etnográfico Esloveno em Ljubljana (Eslovénia);
Fontes: Município de Ljubljana: https://www.visitljubljana.com/en/b2b-press/news/ljubljana-received-the-access-city-award-2015/
- Versão tátil de pintura (Kunsthistorisches Museum Vienna, Áustria)
Fonte: https://www.vrvis.at/research/projects/tactile-paintings/
Veja estes exemplos inspiradores no turismo, adaptados a pessoas com deficiências visuais (em língua inglesa):
Museu: https://www.vangoghmuseum.nl/en/whats-on/feeling-van-gogh?v=1
Outras fontes:
Aceda a esta ligação para conhecer situações práticas com as quais as pessoas com deficiências visuais têm de lidar (em língua inglesa):
Visita turística quando não se consegue ver: https://www.bbc.com/news/magazine-18826373
História da exploradora mundial que viaja sem ver: https://www.mappingmegan.com/can-blind-people-travel/
Para entender os problemas das pessoas com deficiência visual, é preciso experimentar o que significa ser parcial ou completamente cego. Pode encontrar uma simulação aqui: https://www.teachingvisuallyimpaired.com/simulation-activities.html
Audição
A deficiência auditiva é uma das deficiências ocultas, invisível à primeira vista. Pode incluir perda auditiva parcial ou surdez completa. A força, tom e intensidade do som que podem ser percebidos variam de pessoa para pessoa. As suas necessidades de acesso estarão relacionadas principalmente com a comunicação e acesso à informação.
Pessoas que nascem com uma deficiência auditiva ou surdez comunicam principalmente através da Língua gestual, diferente de país para país, sendo, assim, importante saber qual a Língua Gestual que o visitante utiliza.
Aqueles que nascem com deficiência auditiva também podem ter dificuldade em escrever e falar, devido à dificuldade que tiveram na aquisição do idioma.
A maioria das pessoas com dificuldades auditivas adquire a deficiência auditiva em idade mais avançada, o que significa que é improvável que sejam proficientes na Língua Gestual. Por isso, fazem-se entender principalmente na Língua Gestual do seu próprio país ou por escrito, e mantêm frequentemente a sua capacidade de falar, de modo que são capazes de comunicar com as pessoas que ouvem relativamente bem.
Algumas pessoas são capazes de ler os lábios, enquanto que outras utilizam um aparelho auditivo.
Dicas importantes para os operadores turísticos:
- Anúncios verbais por sistemas de altifalantes poderão não ser ouvidos ou compreendidos corretamente;
- A comunicação verbal é especialmente difícil em ambientes ruidosos, por perturbar a capacidade auditiva dos indivíduos;
- As características acústicas de um espaço irão afetar a capacidade de compreensão da linguagem por parte de uma pessoa com dificuldades auditivas;
- É necessária uma boa iluminação para ser possível a leitura de lábios.
- Numa receção ou bilheteira, a instalação de sistemas que amplificam e repetem os sons emitidos na conversa para os aparelhos auditivos individuais poderão ser úteis para melhorar a comunicação verbal entre funcionários e clientes com dificuldades auditivas.
- Algumas pessoas poderão possuir dificuldades na leitura de informação escrita, especialmente se estiver numa língua estrangeira, podendo preferir ideogramas (pictogramas) e desenhos para melhor compreensão.
- Os procedimentos de evacuação baseados apenas em alarmes acústicos não serão compreendidos por surdos ou poderão não ser compreendidos por indivíduos com deficiências auditivas – são necessários dispositivos com sinalização luminosa que possam indicar o tipo de ameaça (detetores de fumo, alarmes de incêndio etc.).
Exemplos inspiradores de turismo para pessoas com deficiência auditiva (em língua inglesa):
Museu: https://www.vangoghmuseum.nl/en/plan-your-visit/accessibility/deaf-visitors-and-the-hard-of-hearing
Outras fontes:
Aceda a este simulador para compreender melhor as dificuldades de uma pessoa com deficiência auditiva:
http://www.hearinglikeme.com/hearing-loss-simulator/
História de um explorador mundial surdo: https://jessieonajourney.com/deaf-travel/
Tato
A deficiência tátil pode ser resultado de lesão nervosa, paralisia ou falta de membros. Isso implica a impossibilidade de perceber os objetos com os quais interagem através do toque. Algumas pessoas poderão não ser capazes de sentir com a parte inferior do corpo e pernas, outras podem ter menor sensibilidade nas mãos, braços ou parte superior do corpo.
A falta de sensibilidade pode afetar a capacidade de utilização de um ecrã sensível ao toque ou de outros dispositivos que necessitem ser utilizados parcialmente através do toque.
Dicas importantes para os operadores turísticos:
- Devem ser prevenidos os riscos de ferimentos causados por objetos afiados, ou muito quentes / frios, uma vez que as pessoas não reagem ao contacto com os mesmos.
Fontes para saber mais sobre este tema:
https://www.healthline.com/symptom/impaired-sensation
Olfato e Paladar
Embora possam ser consideradas duas categorias diferentes, as pessoas que não têm um olfato e paladar podem experimentar problemas semelhantes relacionados com a falta de perceção sensorial. Os principais perigos associados à falta de olfato e paladar são a não reação aos químicos tóxicos, aos outros poluentes perigosos presentes no ar, e ao fumo de um incêndio.
Dicas importantes para os operadores turísticos:
- Certifique-se de que todas as substâncias estão claramente identificadas e etiquetadas;
- Certifique-se de que os sujeitos possam “sentir” o perigo através dos outros sentidos (o fogo não é apenas detetado, mas também ouvido – alarme de incêndio – e visto – alarme luminoso).
Fontes para saber mais sobre este tema:
https://www.healthline.com/health/living-without-your-sense-of-smell#coping-and-treatment
Para se certificar de que já domina com sucesso este tema, pode fazer o seguinte quiz:
https://docs.google.com/document/d/1L-ORqonkRpQcyYGPmCERIOCROl96UUBbFGic0PpBfLA/edit